domingo, 5 de fevereiro de 2012

A Calmaria

Edson Liberato 

            Alto mar, céu azul e a calmaria. O silêncio era rompido com o pequeno ranger da embarcação Não havia uma brisa que possibilitasse o deslocamento e aquela situação já incomodava a tripulação. Os mantimentos não iriam durar por muitos dias, havia pouca água, era necessário ser comedido e buscar manter a paciência. Envolto em pensamentos o marinheiro sentia a pele queimar no sol enquanto o suor escorria pelo rosto.
            O comandante estava preocupado e os seus subordinados cansados. O marinheiro já havia visto grandes tempestades e ondas gigantescas dentro de barcos frágeis, uma vez enfrentou um naufrágio, conseguiu se salvar devido a sua persistência em optar pela vida. Mas nunca havia presenciado uma letargia marítima tão duradoura.
            “- Quanto tempo esta situação vai durar?
             Após tantos anos com confrontos no mar, aprendeu a respeitá-lo e sabia que a sua vontade não podia ser contrariada. A vida pertencia a aquela imensidão azul. Desde garoto seguia seu pai nas pescarias que traziam o sustento para a sua família, logo que se tornou jovem passou a viver as  longas viagens.
            A luz do dia começava a dar espaço para a escuridão da noite, as estrelas mais uma vez seriam sua companhia. Agora queria chegar em um porto, poder entrar em uma taberna, tomar vinho e comer pão. Voltava-se para essas imagens enquanto seu cachimbo produzia fumaça e a sua garganta ficava mais seca.
        Dormiu encostado em um caixote no convés, sonhou com a sua infância e viu a sua mãe quando ainda era jovem. Ela o confortava, pois as lágrimas insistiam em rolar por sua face.
        Na manhã seguinte, ainda com o cantil na sua boca, saciando sua sede, começou a sentir a leve brisa do mar batendo em seu rosto.
        - O vento voltou a soprar.

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