terça-feira, 10 de abril de 2012

"Time Out"

A última coisa que Dave Brubeck esperava quando entrou no estúdio, em 1959, com uma pilha de músicas mal-ajambradas era fazer sucesso. O pianista de óculos já tinha construído um invejável império de fãs com seus conceitos pioneiros em universidades. Um experimentador cheio de vida, que nunca deixou a popularidade interferir em sua inspiração, Brubeck gravou um dos mais populares discos de jazz de todos os tempos com um material que não valia muito, para dizer o mínimo.
Na faixa "Take Five", concebida previamente nos compasso 5/4, pouco apropriado ao swing, o pianista se mantém num improviso percussivo permanente, enquanto o sax alto de Paul Desmond navega em uma lina sinuosa. Muitas vezes, Brubeck não é a estrela do trabalho. Poucos se lembram que Desmond - que, com seu estilo seco, teve um papel importante no sucesso do quarteto - é o autor desse inesquecível hit. Da mesma forma, é fundamental a bateria segura de Joe Morello e a solidez do baixo de Eugene Wrijght, que transformaram um material difícil como "Blue Rondo À La Turk, no compasso 9/8, e "Three To Get Ready", que oscila entre 3/4 e 4/4, em uma matéria-prima fundamental do jazz. É bom lembrar que, nessa época, John Coltrane, Cecil Taylor e Ornette Coleman estavam abrindo os caminhos do free jazz.
Na lógica defensiva dos críticos de jazz, Brubeck muitas vezes foi considerado maldito e perdeu ainda mais valor com o sucesso que "Time Out" fez entre o público em geral. Mas o álbum continua vendendo bem até hoje e, apesar de seu uso excessivo em anúncios, representa um feito fascinante.

1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer

Take Five -  http://www.youtube.com/watch?v=vmDDOFXSgAs

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